
Pois bem. Manuela Ferreira Leite é a reitora com que algumas almas pueris do PSD sonham. Manuela é o totem do PSD, o oráculo a que se recorre quando os anões começam a esbracejar. Talvez pela dureza do rosto, pela inflexibilidade na acção e pela poupança na palavra, Manuela é o permanente alter ego da liderança de um partido que aprecia chefes e não presidentes.
Quando exerceu um cargo nitidamente político - presidente do grupo parlamentar com Marcelo, salvo erro - Manuela não deixou marca, boa ou má memória. Os outros postos - chefe de gabinete de Cavaco ministro, secretária de Estado, ministra (da Educação e das Finanças) -, sendo políticos, eram essencialmente pura intendência. Aliás, Manuela exerceu-os com a perícia de uma auditora e a proficiência de uma contabilista.
Nem mais, nem menos do que isso. Ou seja, nada a distingue particularmente para a chefia de um partido a não ser, neste momento, poder concorrer com o autoritarismo dirigido do senhor presidente em exercício. Manuela não representa política alguma. É, antes, uma campeã do "apolítico" na política, como Cavaco, seu mentor. A diferença é que Cavaco tem um lado político profissional que o catapultou ao lugar que ocupa e que Manuela, por mais que se esprema ou a espremam, não tem. Falta-lhe, numa palavra, o talento para a coisa. Mesmo assim, ela vai andar por aí nas próximas semanas, na boca de outros ou motu proprio.
Para a telenovela ser completa, só falta Santana Lopes. Mas, a seu tempo, ele aparecerá. Não resiste.