Portas e os seus “políticos amestrados”

Sem a devida autorização do autor, aqui transcrevo o artigo "Portas e os seus “políticos amestrados” que o jornal "Público" publicou no passado dia 18 de Março, autor José Paulo Areia de Carvalho.

Vale a pena (re)ler, pensar... e tirar as devidas ilações!...
"Portas e os seus “políticos amestrados”

A hora da verdade aproxima-se no CDS. Os militantes vão ser chamados a escolher não somente a pessoa que querem para os liderar, mas principalmente o modelo ou tipo de partido que querem ter. Considero, aliás, que é por ter sentido que o CDS, pela mão de Ribeiro e Castro, se está a alterar profundamente, fugindo da sua visão de partido, que Paulo Portas decidiu desafiar a liderança agora.
Vim para o CDS a convite de Paulo Portas e se sou deputado, a ele o devo. Mas estou incondicionalmente com Ribeiro e Castro e com o seu projecto para o partido. Nutro admiração por ambos e recuso-me a transformar este debate interno do CDS numa espécie de concurso de amizades ou de graduação de apreços pessoais. Sinto-me chocado por este ataque – que antes considerava inimaginável - que Paulo Portas está a fazer a Ribeiro e Castro, mas, objectivamente, a questão é apenas e só política.José Ribeiro e Castro tem desenvolvido um trabalho excepcional no CDS. Pretende que o partido tenha mais vida para além do seu líder. A debilidade histórica do CDS deve-se à falta de corpo, que leva o partido a dar umas piruetas de cada vez que muda o líder, deitando fora tudo o que antes se estava a fazer, parecendo que tudo vai começar do zero novamente. Isto apesar de ter tido sempre líderes de assinalável talento humano e político. Para o evitar – com os olhos postos no futuro e não no imediato - é preciso dar consistência às suas estruturas, estabelecer uma rede sólida de autarcas, criar equipas com um projecto sólido alternativo de governo à direita, habituar os militantes ao debate interno, apelar à definição antecipada de protagonistas que sejam referências e rostos respeitados a nível local: no fundo, como costuma dizer Ribeiro e Castro, criar um partido de “mil protagonistas”, que não tenha apenas montra, mas também armazém. Tudo isto está em construção, exige tempo e a paciência de esperar.
Ou se faz com Ribeiro e Castro, ou não se fará, tão cedo, com mais ninguém.Não é assim que Paulo Portas vê um partido político. Teve o partido literalmente na mão durante 7 anos e não o fez. A gestão do seu reaparecimento é a prova disso mesmo; voltou com os do costume, a fazerem o mesmo coro de sempre, a usarem os métodos e o estilo tradicional, disponíveis para correr todo o País enchendo salas de almoço ou jantar no bem conhecido “kit desmontável dos comícios”. Muita montra, pouco armazém.O debate que gerou sobre as directas é um bom exemplo: conseguiu pôr ferozes adversários desse método, que diziam típico de esquerda, a defendê-lo como indispensável e urgente na direita do futuro. Que me recorde, apenas Luís Nobre Guedes teve a clarividência e o discernimento de lhe afirmar apoio, mas mostrar reservas quanto a esse método de eleição. A grande maioria nem se apercebeu que Paulo Portas sugeriu as directas precisamente para não precisar nem depender deles para nada depois de eleito com a sua ajuda… Escolhe os que quer e quem não gostar que se queixe daqui a dois anos, depois das próximas legislativas. Alguns juristas com responsabilidade, vieram até defender que o mandato de Ribeiro e Castro estava agora a terminar, como se o Congresso de 2006 não tivesse existido.
Fazem alegremente o que o chefe mandou fazer. São os seus políticos amestrados. Mais interessante ainda é ver como nenhum destes está autorizado a falar sobre o projecto do candidato que apoiam. Já alguém lhes ouviu uma palavra sobre o projecto? O projecto deles é “Portas a presidente” e nada mais. Bem espremidinho, nem uma ideia, nem uma proposta, nem uma novidade, nem um projecto para o CDS.Um partido composto por estes candidatos a dirigentes tem futuro?
Os militantes vão ter que se pronunciar sobre o modelo de partido que querem: vale a pena pensar se querem ter a paciência de construir um partido “de mil protagonistas” ou se querem já um partido de “políticos amestrados”. Parece simples, mas faz toda a diferença. "

José Paulo Areia de Carvalho Deputado do CDS
Nota: Só fiquei sem saber quem é o politico amestrado…ironia do destino, parece que o único amestrado, nos dias de hoje é Dr. José Paulo Areia de Carvalho, pois do seu quadrante político ele é o único desalinhado, senão basta olhar para a bancada do CDS/PP no parlamento...que crueldade!
Reconheço que o artigo está bem escrito, mas falta coerência política, por vezes é mais digno a renúncia do que enfrentar estas vergonhas!

O LIDER

Sem ser um adepto fervoroso, fui também contra a corrente dos que consideravam o Luís Filipe Menezes um populista falacioso, que não deveria merecer o respeito de gente séria e daí as posições que vão desde o Mário Soares até ao Pacheco Pereira, passando pelas do Marcelo.

É evidente que, segundo dizem os analistas, muitos dos barões que o desprezaram, hoje, que já lhes cheira a poder, dizem que ele não será tão mau como isso. No entanto, ainda mereceu alguns sorrisos dos comentadores encartados da SIC Notícias, como sejam o Director do Expresso, Maria João Avilez ou Ricardo Costa.

A bem-pensância nacional não leva a sério que ele se proponha ir para as porta das fábricas que fecham ou prometa aumentar as pensões mais baixas dos reformados, porque isso são coisas que lhes passam ao lado.Acho que ele se atribui “a si próprio a missão de salvar este Estado Social, exterminando em Portugal a heresia do ‘capitalismo selvagem’ ” e que aquela sua célebre frase sobre os “sulistas, elitistas e liberais” é dirigida contra os “que aspiram a mais do que à mediocridade, ou preferem outro modelo social, assente na iniciativa e responsabilidade dos cidadãos”.

Marcelo Rebelo de Sousa tem o condão de tornar claras as coisas complicadas, e assim pelo oposto começamos a perceber porque é que anda tanta gente irritada com Luís Filipe Menezes. Não é porque vá pôr em prática aquilo que diz, mas basta só não seguir a cartilha dominante nesta área e atrasar a chegada maléfica daquele país em que é cada um por si, para que estes comentadores de direita considerem que Menezes não serve.

Parece-me que são mais 2 ou 3 anos de grande desgaste para este líder partidário e para este grande partido! O seu maior objectivo será impedir o PS de uma nova maioria absoluta. O que mais se espera de um líder do PSD é que ajude a construir um país melhor, uma organização politica melhor, visto que nesta matéria o nosso país está uma desgraça.

Luís Filipe Menezes, os meus votos de bom trabalho!