O Parlamento é, de longe, o órgão eleito mais desprestigiado do regime. São os próprios deputados, pelas suas renúncias, pelas suas faltas, pelo seu desprezo pela função, os primeiros a dar exemplos pela negativa, salvo raras excepções.
Muitos passam pela legislatura sem abrir a boca, sem uma intervenção escrita, sem um propósito declarado. São colocados neste ou naquele círculo eleitoral, como se de mercenários se tratasse, não porque tenham algo a ver com o mesmo, mas porque o líder e o partido assim o entendem. Só assim se compreendem algumas das escolhas de Manuela Ferreira Leite e outras que resultam de pressões de bastidores das Comissões Politicas Distritais.
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No que toca à lista dos candidatos do distrito de Braga, além de existirem muitas razões que a própria razão desconhece, a sua constituição depois de imposto pela CPN o ex-eurodeputado, Deus Pinheiro, eventualmente já na pré-reforma, mais parece a lista de Shindler, tendo a sua apoteose total na escolha de 3 pessoas de Guimarães entre os eleitos!
Por outro lado, concelhos houve que foram nitidamente marginalizados, relegados para lugares manifestamente desprestigiantes, atendendo ao seus resultados eleitorais, com sucessivas vitórias e que muito têm contribuído para a alegria dos militantes e simpatizantes do PSD ao longo das últimas décadas. No caso de Guimarães, espero que seja desta que o PSD vença em toda a linha, legislativas e autárquicas, senão quem escolheu, escolheu mal!
Quem quer ganhar eleições não pode afrontar as suas “tropas” como aconteceu a Passos Coelho e Miguel Relvas, entre outros, em benefício de pessoas que em nada dignificam o partido, como Maria José Nogueira Pinto (a Zézinha esquecida pelo CDS-PP, agora revitalizada pelo PSD que vota António Costa para Lisboa, imaginem!) e para não falar dos que estão com o PSD quando dá jeito, como Pacheco Pereira.
De facto, quem quer ganhar eleições, precisa estar unido, ser coerente e motivador e não pode escolher candidatos que ofendem a dignidade dos militantes. Nem apregoar nos outdoors de campanha “façam política com as pessoas”, pois pode correr o risco de ver escrito por baixo “ MFL faz com os outdoors”.
Um líder forte nunca tem como objectivo derrubar os seus melhores quadros por conveniência interna, em benefício de pessoas cujo principal atributo parece ser a proximidade de quem manda. Um partido basista como o PSD não humilha as Distritais nem faz tábua rasa das suas escolhas como fez a direcção nacional do PSD neste conselho nacional. Por isso, se a Comissão Política Distrital de Braga tivesse a dignidade que a situação exige equacionaria a sua demissão!
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Mas não posso deixar de dizer que as listas de candidatos de deputados escolhida por Manuela Ferreira Leite são bem piores do que se poderia imaginar, só têm a vantagem de mostrar ao país a pequenez, falta de formação democrática e espírito vingativo da líder do PSD. Em vez de renovação, tal como aconteceu nas europeias, a lista apresentada pela líder do PSD representa reciclagem de alguns resíduos dos piores momentos cavaquistas, gente que já foi mais servida do que serviu o país e gente que apenas tem em comum a obediência à chefe.
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Sinceramente não era preciso fazer um grande esforço para perceber que se devia ter agido de outra maneira!
2009-08-07