UM ORÇAMENTO TRAVESTIDO!

Outrora alguém disse: “há mais vida para além do défice” hoje apetece dizer: há mais défice do que o do orçamento!
De facto, este país dificilmente tomará um novo rumo. Mesmo sem perceber nada de macroeconomia, começo a achar que nenhum governante se preocupa seriamente com o futuro deste país.
Na minha opinião na discussão parlamentar para o Orçamento de 2010, o que se espera do PSD é a abstenção pura e simples no acto da votação, viabilizando assim o Orçamento, uma vez que não tem condições políticas para qualquer outra opção, e depois porque os Portugueses sufragaram esta governação socialista com os mesmos desígnios!
As opiniões são divergentes mesmo quando se pretende chegar ao mesmo fim e o caminho que o governo português tem teimado em seguir é o dos baixos salários, com excepção dos gestores públicos, em detrimento do incentivo e aumento da qualidade do nosso tecido empresarial.
A liderança de Sócrates trouxe ao país alguns novos conceitos, mas nenhum foi suficiente para potenciar este país para um futuro próspero, nem tão pouco trouxe o progresso e o desenvolvimento económico anunciado.
Depois de tantos anos de União Europeia, continuamos na cauda dos menos desenvolvidos da Europa e a apostar em salários baixos que, ano após ano, teima em comprometer o nosso futuro.
Salários mais altos originam mais consumo sem necessidade do recurso ao crédito. Quem ganha mais não precisará de se endividar tanto para fazer face aos seus encargos.
O argumento do endividamento externo para justificar austeridade salarial é uma falácia, porque essa contenção deveria ser feita nas obras megalómanas governamentais, apenas direccionadas para os grandes empresários da construção civil.
Da mesma forma, com o crescimento do consumo, cresce também o emprego. Aumenta a base de incidência dos impostos – directos (IRS e IRC) e indirectos (IVA). Com mais emprego, aumentam as receitas da segurança social e diminuem as despesas, porque há menos desempregados a receber o subsídio de desemprego.
Dizer que as contas públicas se desequilibram porque os salários sobem é, no mínimo uma falácia, então e os outros países Europeus em que os ordenados são muitíssimo mais elevados que os nossos!
Não é honesto ocultar as consequências futuras da actual contenção salarial nas reformas dos que actualmente trabalham, pois quanto mais baixos forem os salários previstos nos novos contratos e quanto menos crescer a massa salarial, menor será a receita da segurança social (que cresce nessa proporção), quer no presente, quer no futuro. A consequência a longo prazo de uma política de contenção salarial será, com muita certeza, a de termos de trabalhar mais anos para recebermos reformas menores.
Não tenho grandes esperanças neste orçamento e também não se espera do PSD negociações fora do quadro parlamentar, fora da Assembleia da República, que são sempre, e naturalmente, interpretadas pela opinião pública como estranhas e pouco transparentes, muito menos ainda que com elas deixe cair promessas eleitorais.
O PSD tem que discutir o Orçamento na Assembleia da República e manter-se fiel às suas promessas eleitorais, deixando para os pequenos partidos as opacas e pouco transparentes “negociações” fora da Assembleia. Mas isso sou eu a dizer!
2010-01-26