O Liberalismo de Passos Coelho e impostos no centro do debate da TVI.
O significado do liberalismo de Pedro Passos Coelho e as diferenças em relação à carga fiscal estiveram hoje no centro do primeiro debate televisivo entre os quatro candidatos à liderança do PSD, realizado na TVI.
O significado do liberalismo de Pedro Passos Coelho e as diferenças em relação à carga fiscal estiveram hoje no centro do primeiro debate televisivo entre os quatro candidatos à liderança do PSD, realizado na TVI.
No início do debate, a jornalista da TVI Manuela Moura Guedes pediu directamente a Passos Coelho para explicar o alcance liberal das suas propostas. O ex-presidente da JSD recordou que Francisco Sá Carneiro começou como deputado da chamada Ala Liberal, no tempo do Estado Novo. "Liberal significa dentro do PSD e na sua raiz identitária significa lutar pela liberdade política, pela liberdade económica", respondeu. "Economicamente não é isso, não é doutora Manuela Ferreira Leite?", interrogou a moderadora do debate. "Não, efectivamente, em termos económicos ser liberal significa praticamente tornar o papel do Estado inexistente", sustentou Ferreira Leite, motivando a discordância de Passos Coelho, que lhe perguntou se não concorda com a desestatização da economia iniciada nos governos de Cavaco Silva. A ex-ministra das Finanças respondeu que concorda com algumas posições de Passos Coelho, mas discorda de outras, como a privatização da Caixa Geral de Depósitos "porque exactamente o liberal toma as decisões sem sequer ver quais as circunstâncias que o país atravessa". Pedro Santana Lopes procurou fazer a síntese da troca de argumentos entre os seus dois adversários: "O que ambos querem dizer é liberdade no plano político, garantia dos direitos, liberdades e garantias, mais intervenção do Estado na solidariedade social e na regulação económica". Manuela Moura Guedes insistiu em saber se Passos Coelho "é liberal ou não no código laboral" e o candidato declarou-se a favor de maior flexibilização, designadamente nos despedimentos individuais, mas contra "a lei da selva em matéria de contratação". "Eu estou em Portugal, não em qualquer outro país", sublinhou. "Ah, o senhor é liberal à portuguesa?", retorquiu a jornalista da TVI. Passos Coelho insurgiu-se por quererem enfiá-lo "num fato liberal" e assinalou que esse conceito "nos Estados Unidos está associado ao partido democrata".Quanto ao código laboral, Ferreira Leite alegou que apenas se conhecem "ideias genéricas" da proposta de revisão do Governo. Segundo Pedro Santana Lopes, é necessário mudar a legislação, mas "não exactamente" como propõe o executivo do PS. Em matéria de impostos, Santana Lopes considerou que "pode e deve-se" descer os impostos, enquanto Ferreira Leite reiterou que "a situação tal como está e como este Governo tem conduzido não dá margem para baixar os impostos". Mário Patinha Antão lembrou a sua proposta de descida do IVA, IRC e redução do número de escalões do IRS.
Na minha opinião, Manuela Ferreira Leite teve uma prestação relativamente apagada, até porque falou menos tempo. E portanto não posso concordar com a análise de Vasco Pulido Valente de que isso a beneficiou. O que a beneficiou foi sondagem à opinião pública.
Por sua vez, Pedro Passos Coelho tem sido a grande revelação desta campanha. Com um discurso inovador, com uma forte componente liberal, tem seguramente marcado a agenda, o que levou a que tenha sido objecto de um fortíssimo ataque por parte de Manuela Moura Guedes, logo aquele que mais teve que defender das suas ideias.
O actual agravamento da crise económica, sem soluções por parte do Governo, implica que, ao contrário do que todos supunham, Sócrates pode ser derrotado em 2009. O líder do PSD deve ser aquele que esteja em melhores condições de o conseguir. Isto, infelizmente, acho que ainda não ficou esclarecido para os militantes do PSD e para os Portugueses.
Por sua vez, Pedro Passos Coelho tem sido a grande revelação desta campanha. Com um discurso inovador, com uma forte componente liberal, tem seguramente marcado a agenda, o que levou a que tenha sido objecto de um fortíssimo ataque por parte de Manuela Moura Guedes, logo aquele que mais teve que defender das suas ideias.
O actual agravamento da crise económica, sem soluções por parte do Governo, implica que, ao contrário do que todos supunham, Sócrates pode ser derrotado em 2009. O líder do PSD deve ser aquele que esteja em melhores condições de o conseguir. Isto, infelizmente, acho que ainda não ficou esclarecido para os militantes do PSD e para os Portugueses.